terça-feira, 10 de julho de 2012

Desmemória

Não está mais lá. Parece absurdo, inacreditável a princípio, mas realmente os vestígios desapareceram completamente. Sobraram apenas migalhas de lembranças distorcidas e desfocadas da infância. Um período tão fértil quanto efêmero que agora se assemelha a sonhos enevoados. Dos registros vem outra surpresa: reconheço neles minha letra, minha sensibilidade, mas não sobrevivem a uma revisão. A ficção omito, o resultado são páginas em branco e silêncio. Pode ter sido uma longa embriaguez, um delírio febril. Ou apenas eu que não estava lá.