quarta-feira, 16 de março de 2011

Sagan

“Some celestial event. No - no words. No words to describe it. Poetry! They should've sent a poet. So beautiful. So beautiful... I had no idea.”

O tempo que passamos é sucinto neste pálido ponto azul, uma centelha que dura milionésimos de segundo na fogueira que nos cobre totalmente a visão. E uma vida é pouco para nos darmos conta de que uma vida é muito.

Somos pequenos e estamos distantes demais para sermos notados. Sonhamos com a possibilidade de encontrar em algum lugar do universo um aviso para sorrir enquanto filmados. E ainda que o som se propagasse no vácuo nosso grito continuaria a ser por nós ignorado.

Queremos conhecer tudo que nos cerca – se nossos limitados sentidos não conseguem perceber, isso não é importante. O questionamento é nosso dom infinito. E quanto mais sabemos sobre o nosso mundo e os demais, temos a falsa impressão de que igualmente nos conhecemos.

Conquistamos demais e nos sobrou tão pouco.
Porque intolerantes. Porque cegos. Porque breves.

E porque insistimos em não lembrar que somos todos filhos das estrelas e irmãos das pedras.

“You're an interesting species. An interesting mix. You're capable of such beautiful dreams, and such horrible nightmares. You feel so lost, so cut off, so alone, only you're not. See, in all our searching, the only thing we've found that makes the emptiness bearable, is each other.”

sexta-feira, 11 de março de 2011

No hay banda. No hay orquestra. Silencio.

Qual é o fim da jornada? Vejo o caminho e o percebo íngreme, claustrofóbico e tortuoso. Os músculos falham, a garganta implora água, o pensamento confunde a realidade. Mas eu tenho de chegar. Não sei aonde. Ainda.

Sigo sozinho com uma ajuda esporádica do vento a favor. Os intervalos para retomar o fôlego ficam mais constantes, fazendo com que eu reconheça meu engano ao acreditar que a idade seria um fator decisivo para o sucesso da empreitada. Meu tempo de nada vale aqui, onde o imprevisto é regra e o discernimento sucumbe diante da crescente falta de razão. Talvez esta seja uma pista para planejar meus próximos passos.

Olho para baixo e para trás, diversas vezes. Não para falsificar qualquer arrependimento, mas para me permitir alguns momentos de orgulho quase infantil. É essencial para renovar o ânimo e confesso que me faz um bem danado.

Sinto que estou próximo do topo. O ar rarefeito, a taquicardia e a pressão elevada confirmam meu sentimento. As mãos trêmulas reagindo ao frio interior, as pupilas dilatadas em resposta à escuridão que chega, os ouvidos tentando amenizar o impacto dos trovões, a voz relutante em sair... Não, a voz sai! Sem esperar, sem se preparar, sem explicar, simplesmente aproveitando a primeira oportunidade. Não é grito, mas ecoa incessante e se propaga discretamente. Faz o cenário mudar ao proferir palavras breves. Faz quase todos os elementos desvanecerem e o calor e a tranquilidade voltarem ao meu domínio.

Eu precisava chegar aqui, no começo de tudo.