quarta-feira, 27 de março de 2013

Válvula

Criei meu mundo fantástico, de incontáveis detalhes e beleza admirável. Tão vasto e real que meus olhos se confundem, meu coração se desorienta. Um mundo paralelo à minha consciência, fazendo-se presente desde o acordar e desaparecendo quando chego ao meu sono profundo. Seus caminhos se misturam aos meus, e alterno minhas escolhas com tamanha frequência que a linha divisória entre realidade e desejo não é percebida com clareza. Mas não reclamo, a finalidade é justamente essa. Não faria sentido criar um mundo do qual eu não fizesse parte. Preciso viver nele simultaneamente e sentir saudade de estar dentro dele, fazer de cada pedaço de minha criação algo raro e precioso, insubstituível. Amar esse mundo feito um improvável deus que se importa. Dessa maneira, ainda que esteja só, sinto-me livre.