Ela desapareceu sem deixar pistas, mas a dor homônima manteve-se no mesmo lugar. Estava aqui antes de tudo, e permanecerá até que meu corpo esfrie definitivamente, alimentando-se de palavras, sons e olhares para programar sua próxima hibernação. Também ficam as indagações, os medos pueris e a inconformação disfarçada num pedaço de sorriso.
Garimpada ao acaso, jóia rara de brilho único, um acidente bem-vindo que fez enriquecer meu possível futuro, ainda que brevemente. Tão pouco foi o tempo que mal sei se realmente a tive. Em seu lugar dívidas inúmeras sem vencimento definido. Ônus de pensamentos a pagar.
Não pude abraçá-la e expor minha fraqueza. A esperança dessaturou a própria tonalidade, misturando-se ao negrume ao redor e empobrecendo meus sentidos.
Desorientado, resta-me o caminho que conheço de olhos fechados. Faz muito frio na Fortaleza da Solidão.
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