A ironia é uma das poucas companheiras que resistem às mudanças. Como um ser vivo clarividente desafia a consciência objetiva e mostra orgulhosamente o resultado positivo de suas profecias não registradas. E o que resta ao cético é reconhecer a própria falibilidade em fazer planos.
A dependência da presença física dos entes queridos faz da solidão uma ilusão maior do que realmente é. Quanto mais necessária a companhia, maior a chance de desencontros. Ao mesmo tempo, em grupos, ressaltamos nossa individualidade, solitários que somos em meio a tantos outros.
O amor se disfarça de projétil de engenhosa precisão talhado artesanalmente, como se pudéssemos dar apenas um tiro certeiro. Entretanto, a marca na bala não tem nome definido, a não ser o nosso, e nossa metralhadora giratória possui um cartucho que simplesmente não se esgota.
O normal seria esperar ouvir, ainda que em baixo volume, as gargalhadas pré-gravadas em estúdio que revelariam nossa vida de sitcom. Mas a liberdade transmite uma sensação mais definida e real de felicidade. E nos faz duvidar da possibilidade de existir amor maior que aquele que não é exclusivo.
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