quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Les Mort-vivants


Os dois andavam sozinhos e desorientados, cada um por um caminho desconhecido do outro. Em comum, a fome que não se saciava e a sensação de parecerem deslocados em qualquer ambiente. Seus pares não eram exatamente seus semelhantes e, por isso, seus alimentos eram escassos. Ao compartilhar da refeição alheia, pareciam mostrar que se esforçavam em fazer parte de algo, talvez para lembrarem-se vivos. Sabiam, porém, que seu apetite não seria satisfeito. Caminhavam, então, à procura de alento.

Após um período que não se poderia determinar, mas longo o suficiente para sentirem-se acomodados, os andarilhos encontraram-se acidentalmente. Demorou algum tempo para perceberem que estavam na mesma busca. Surpreenderam-se ao descobrir que carregavam dentro de si o sustento do outro. O banquete foi servido e, ao que parece, a fartura é inesgotável. Mas agora há outra preocupação, algo novo e inesperado, que lhes foge o controle: estão famintos também por um apocalipse.

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