Vestida para matar, ela esbarra intencionalmente em mim
quando estou distraído e me assassina ao apenas sugerir um olhar. Numa inocente
vingança, afirmo na canção que ela terá qualquer coisa que desejar e a mato
suavemente.
Quer conversar, fumar e conversar, beber e conversar. Para
isso, afasta repentinamente os obstáculos, fazendo de meu coração um pedal
duplo de bateria de trash metal. Em mais um de seus atos espontâneos, aproxima
sua cadeira e compara a anatomia de nossas mãos.
Emudece ao descobrir o que não consegui esconder por muito
tempo, deixando-me em companhia da dúvida e do medo por algumas horas. Ainda
sem mover os lábios e sem emitir som algum, diz que está tudo bem e me abraça.
Longe de tudo, paga-me uma cerveja, diz que está confusa e compartilha
sua insanidade através de um beijo. À distância, quer saber da simplicidade de
minha utopia e se surpreende e se alegra com minhas respostas. Quase
sussurrando, diz que me odeia e me faz acreditar na mais bonita das
possibilidades, porque entendo perfeitamente o que isso significa.
E, então, rompe.
Diferente de tudo rompe de modo brusco, apresentando apressadamente
o conteúdo sem se preocupar com a forma. Em vão, prometo entender e retornar à
quietude de meu canto. Mas a música ainda mescla tons e tonalidades e as
paredes do quarto continuam derretendo enquanto flutuo. O efeito persiste em
meus sentidos aguçados, só lamento que não fabrique o entendimento.
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