Amanhece e vamos juntos ao ponto de desencontro onde a
teimosia abraça a vontade da discussão. Sólidos argumentos arruinados por
piadas toscas, sem qualquer dano a não ser pela barriga dolorida devido às
gargalhadas. Revezamos as idas à farmácia da esquina para curar nossa sede.
Ignoramos a existência das diferenças, a obviedade não nos interessa.
Comparamo-nos com base em nossas decepções pessoais e nos concedemos o direito
ao lamento. Respeitamos espaços e vícios, matando imaginários coelhos fofinhos
até chegar à contagem de dez. Vemos muito e muito lemos. Pensamos em sincronia
e citamos as mesmas referências. Ao invés de flores, dou-lhe Orquídea Negra. Disputamos
o fictício status nerd. Jogamos ao vento o plano B após esquecer o plano A,
pois desejamos o falível e o improvisado. Rimos feito idiotas das coisas mais
sérias e brindamos à nossa estupidez. Enquanto mudo sua vírgula de lugar, ela
aponta uma nota que não combina com o resto da música. É final de tarde e ainda
nos protegemos do Sol.
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