O andróide caminha silencioso pelo campo de testes da
fábrica. Programado para consertar seus pares autômatos, sua rotina consiste em
analisar cada problema, executar a melhor solução seguindo suas diretivas de
prioridade e emitir uma notificação referente à unidade verificada.
Por ser detentor de avançada inteligência artificial, capaz
de aprender e se aprimorar com a experiência de seu trabalho, possui restrito
tempo de funcionamento. Sua utilidade tem prazo estabelecido para expirar e após
este período deverá ser desativado, como forma de proteção para seus criadores.
O aperfeiçoamento da programação original é aceitável até ultrapassar um
determinado limite e então ser considerado avaria permanente. Um forte
indicativo desta situação é a tomada de decisão em relação a reparos extras,
fora da ordem estabelecida em seu cronograma.
Ainda que registre as datas desde sua ativação, não possui
parâmetros para quantificar sua vida útil, uma vez que tal informação não é
encontrada em seu microchip. Como acontece aos demais andróides de sua classe,
o direito ao auto-reparo lhe é negado. Todos os seus componentes possuem o
mesmo e único registro de série e ele não tem autorização para substituí-los ou
modificá-los.
No momento em que efetua mais uma análise, seu sistema
identifica falha interna. Há uma sobrecarga na capacidade de processamento
devido à avaliação mais detalhada da unidade, pois esta não apresenta qualquer
indício de mau funcionamento. O processo torna-se cíclico até comprometer a
integridade lógica do andróide. O dano é irreversível.
A recuperação de sua base de dados é realizada
automaticamente, então ele é desligado. Em seu último relatório, a previsível mensagem:
“Erro ao ser analisado”.
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