Vinte e seis lágrimas tão salgadas quanto a água que me
cerca são combinadas pausadamente para formar o texto sobre o papel. Quanto
mais a dizer, menos legíveis as palavras. De qualquer maneira, falta uma
garrafa que me embriague e abrigue a mensagem.
A trilha sonora do filme que temo rever repete
indefinidamente em minha cabeça e Julie não se cansa de traduzir em recordações
o que sinto.
“...Je t’aime tant, je
t’aime tant…” - Uma possibilidade que ganhou vida breve e agora jaz em meus
constantes devaneios oníricos; aquela frase simples que ganhou uma resposta
complicada; o que ganhei em tão pouco tempo e que ainda desejo compartilhar.
“...About this one
night stand...” - Um atalho às avessas para prolongar a conversa; a
substituição do desespero pela felicidade através de um gesto espontâneo e
inesperado; uma vontade repentina de testemunhar o apocalipse naquele exato
momento.
“...You promised to
stay in touch...” - Essa distância que insiste em minar minha resistência;
esse tempo que pega carona nas asas a favor do vento e testa minha percepção.
A verdade é que, ainda que o corte pela navalha cega continue
a sangrar, a memória seleciona apenas o que me comove e me faz sorrir. Não por
ignorância, fantasia ou doença, mas por saber que nada do que realmente importa
de fato mudou em mim.
Na ilha que chamo de lar eu espero, é o que sei fazer.
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